Vis-à-vis, 2008-2010
Vis-à-vis é constituído por um par de chifres afixados como espécie de cabos a lentes de aumento e dispostos lado a lado, sobre a superfície de um espelho convexo sem aro, desses comumente utilizados em entradas e saídas de estacionamentos de prédios. Os chifres e o espelho se apresentam no “topo” de um cilindro de madeira laqueada na cor preta brilhante.
Inicialmente, o cilindro surgiu da ideia de ter aquele arranjo brotando de uma espécie de tonel preto, algo como um fosso, preto mas que refletisse. Para tanto, essa superfície cilíndrica de madeira foi submetida a um processo realizado em cabines especiais, que envolveu cinco banhos de laca preta brilhante. Assim como em Viravolta, pretendia-se que a superfície chegasse a um certo grau de reflexividade e brilho de modo a quase anular o volume. Vis-à-vis tem 90 cm de altura, posicionando-se, desse modo, mais ou menos à altura do umbigo do observador e permitindo que este se debruce e olhe para o espelho. O trabalho apresenta a imagem refletida do observador, que é, assim, como que “observado” por ele.
O espelho convexo sugeriria, ademais, uma quase flutuação dos chifres, um convite e, a um só tempo, uma repulsão ao toque. Tocando ou não nas lupas, o observador, a princípio, poderia ver sua imagem refletida no espelho a partir dos “olhos” das lupas. Presumivelmente, ele veria, numa espécie de jogo narcisístico, sua imagem refletida sobre o espelho convexo. Entretanto, isso não ocorria, pois, devido às sobreposições das superfícies reflexivas – as lupas sobre o espelho convexo –, a imagem do observador acabava sendo deformada, embaçada. Talvez aí resida um aspecto do trabalho que parece falar de dissolução ou, no limite, de destruição da imagem.
Thiago Honório, 2010.
Ficha técnica
Vis-à-vis, 2008-2010
Chifres de boi, lupas, espelho convexo e madeira laqueada
95 x ø 60 cm
foto: Edouard Fraipont
Exposições
La piel que habito, Pavilhão da Bienal, SP, 2013
Corte, Galeria Laura Marsiaj, RJ, 2011
Corte, Galeria Virgilio, SP, 2010
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