Tête-à-Tête, 2012
Tête-à-Tête constitui-se num díptico formado por dois chifres de veado campestres que emergem de carcaças aparafusadas em espécies de mísulas de madeira envernizadas nas quais estão afixadas placas de metacrilato gravadas.
Cada superfície de madeira recortada traz consigo, então, um chifre com a placa de metacrilato contendo a palavra tête nela gravada. Numa placa intermediária foi gravada a inscrição à. Essa placa foi afixada diretamente na parede entre as duas mísulas de madeira, separada, desse modo, da palavra tête presente em ambas as mísulas.
Parte do material utilizado na construção de Tête-à-Tête foi encontrado no Marché aux Puces, de Saint-Ouen, Porte de Clignancourt, grande “mercado de pulgas” localizado num bairro periférico de Paris, quando da realização da minha residência na Cité des Arts.
Tête-à-Tête não deixa de enfatizar, ainda, uma relação com a matéria empalhada presente em museus histórico-científicos, as ideias de exposição e exibição, já exploradas anteriormente em minha produção, desde pelo menos Exposição (2007), ao evocar, também, mostruários e troféus.
O arranjo é disposto na parede na altura da cabeça de um espectador de estatura média. Ao invés de cada chifre ser posicionado um diante do outro, optei por colocá-los lado a lado para que, desse modo, Tête-à-Tête possa colocar em xeque, além do paralelismo do olhar em relação ao observador, uma relação cabeça à cabeça, face a face, entre ele e seus elementos. É possível que se tenha diante do trabalho uma relação de solidão marcada, também, pela relação individualizada com cada um dos seus elementos.
Thiago Honório, julho de 2012.
Ficha técnica
Tête-à-tête, 2012
Dois pares de chifres de veado, dois consoles de madeira e três placas de metacrilato gravadas
23 x 33 x 2 cm – cada console
foto: Edouard Fraipont