roçabarroca, 2018-2020
roçabarroca* toma o corredor do prédio reformado por Lina Bo Bardi (1914-1992) em 1982 para o Museu de Arte Moderna (MAM São Paulo) como uma garganta. O trabalho parte da ideia de vestir paredes com terra deixando-as em “carne viva”.
Constitui-se, desse modo, pelo revestimento das duas paredes do corredor do MAM São Paulo com taipa de mão e pau a pique — procedimento construtivo brasileiro utilizado no período colonial. Essa técnica vernacular consiste no entrelaçamento de ripas ou toras de madeiras verticais com galhos ou vigas de bambu horizontais e amarradas entre si por sisal ou cipó, engendrando uma grande estrutura tramada cujos vãos e frestas se preenchem com barro. Das práticas da chamada “arquitetura de terra” é uma das mais recorrentes, principalmente nas zonas rurais.
Tal vestimenta das paredes internas dessa espécie de corredor-garganta que se inicia no Auditório Lina Bo Bardi — auditório também como lugar da fala —, e dá acesso ao bebedouro, ao restaurante e à grande sala de exposições, é feita com terra e galhos secos recolhidos no Parque do Ibirapuera. Há uma inversão ao se trazer para superfície epitelial dessas paredes do corredor, as entranhas, aquilo que não seria revelado e submetido ao reboco, acabamento e pintura.
Thiago Honório, outubro de 2018.
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O título roçabarroca vem do livro e do poema “Roça barroca”, da poeta e tradutora Josely Vianna Baptista (1957)
Ficha técnica
roçabarroca, 2018-2020
Pau a pique e taipa de mão
Área: 119,29 m² | Volume de terra: 2,2 m³
Galhos: 597,00 metros | Peso: 6,36 toneladas
42 x 60 cm
projeto técnico/ execução:
Fernando César Negrini Minto | Matéria Base
arquitetura da terra: Alain Briatte Mantchev,
Fernando César Negrini Minto
engenheiro construtor: Fernando Ogando dos Santos
geólogo: Alexandre Sayeg Freire
estagiários (Matéria Base): Rafael Fogel, Igor Bahiense
montadores: Francisco Evanilson Rodrigues de Sousa,
Francisco Pereira Lima
montador / manutenção: Roberto Lenhardt
assistente do artista: Selene Alge
foto: Edouard Fraipont
roçabarroca [fotomontagem], 2018-2020
Impressão a jato de tinta com pigmento mineral sobre papel de algodão a partir de fotomontagem com fotografias originais de 1978, realizadas por
Maria de Fátima Boaventura de Souza Andrade (1955-2004)
31 x 71,2 cm
tratamento de imagem: Estúdio 321
Estudo para roçabarroca, 2018-2019
Lápis de cor e grafite sobre papel
42 x 60 cm
foto: Edouard Fraipont
Exposições
roçabarroca, Museu de Arte Moderna – MAM, SP, 2020
© thiago honório 2024
by estúdio garoa